Imunidade Humoral
A imunidade humoral faz parte da imunidade adquirida que se baseia na diferenciação dos linfócitos em diferentes locais a partir de linfoblastos (células precursoras que são produzidas na medula vermelha).
A imunidade humoral tem como efetores os linfócitos B. Este tipo de células reconhece uma grande variedade de diferentes antigénios, como por exemplo bactérias, toxinas produzidas por bactérias, vírus e moléculas solúveis.
Os Linfócitos B reconhecem uma vasta variedade de antigénios, devido aos recetores que se encontram na respetiva membrana. Estes recetores que até então não tinham tido contacto com os antigénios, passam a ter, e quando isto acontece os linfócitos experimentam uma sequência de modificações a fim de produzirem grandes quantidades de imunoglobulinas (recetores da membrana) idênticas ao seu recetor, que vão atuar no meio extracelular.
Figura 1 - Linfócito B
http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/corpo-humano-sistema-imunologico/imagens/sistema-imunologico-17.jpg
Na imunidade humoral ocorrem diferentes fases:
- Ativação dos linfócitos B - Quando o antigénio entra no organismo, e ao encontrar os linfócitos B, vai estimular aqueles que na membrana têm recetores que possam atuar.
- Proliferação clonal dos linfócitos ativados - Cada linfócito entra em vários ciclos celulares e, após várias mitoses, origina clones que por sua vez se vão expandir.
- Diferenciação dos Linfócitos B - Uma parte das células de cada clone diferencia-se em plasmócitos que, ativos, produzem milhares de moléculas de anticorpos, por segundo. Mas nem todos os linfócitos B se diferenciam em plasmócitos, pois muitos constituem células de memória que ficam inativas, mas prontas para responder a um antigénio que possa eventualmente reaparecer no organismo.
Os anticorpos são também chamados de imunoglobulinas. As imunoglobulinas são de diferentes formas dando-se o nome de isotipo ou classes. Os diferentes tipos distinguem-se pelas suas propriedades, tanto biológicas como de localização e ainda pelas funcionalidades e habilidades para lidar com os vários antigénios. São constituídas por duas cadeias pesadas, unidas a uma cadeia leve, através de duas pontes de enxofre e mais duas cadeias pesadas unidas entre si.
Estes anticorpos possuem uma zona variável que determina a que antigénio se unirá o anticorpo. A zona que não varia, ou seja, a zona constante, determina a classe do anticorpo.
Classes da imonoglobulinas
Classe |
Representação |
Ocorrência |
Funções |
IgG |
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É a lg mais abundante no plasma humano e na linfa intersticial. Atravessa a placenta, permitindo que a mãe transfira a sua imunidade para o feto. Está presente também no colostro. |
Tem um papel vital na proteção do recém-nascido contra possíveis infeções (provenientes de bactérias, vírus e toxinas) |
IgM |
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Está presente no plasma
(Na forma livre existe, exclusivamente, no soro)
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É a primeira lg a surgir após a exposição a um antigénio.
Por ser constituído por cinco unidades torna-o muito eficaz no combate inicial aos antigénios.
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IgA |
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Encontra-se nas lágrimas, na saliva, nas secreções respiratórias e gástricas, no leite, no suor, no suco intestinal e no muco que reveste as mucosas.
(Existe em baixa concentração no sangue e no soro)
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Protege os locais de entrada do organismo dos agentes patogénicos.
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IgD |
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Está presente na superfície dos linfócitos B. (No soro aparece em concentrações muito baixas) |
Funciona como recetor antigénio nos linfócitos B e estimula os mesmos a produzir outros tipos de anticorpos. |
IgE |
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Surge nos mastócitos presentes nos tecidos, ligando-se às extremidades opostas aos locais de reconhecimento de antigénios.
Pode aparecer no leite, na saliva, as lágrimas e nas secreções respiratórias e gástricas)
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Controla a libertação de substâncias, como a histamina, que podem desencadear reações alérgicas. |
Estrutura de um anticorpo:
- os anticorpos possuem uma estrutura globular;
- são compostos por 4 cadeias polipeptídicas e idênticas 2 a 2;
- são representados normalmente por Y.
Constituição de um anticorpo:
Figura 2 - constituição de um anticorpo
http://mmspf.msdonline.com.br/pacientes/manual_merck/secao_16/images/cap167_fig3.gif
Os anticorpos têm diferentes maneiras de atuar na defesa imunitária do nosso organismo:
Os anticorpos são incapazes de destruir diretamente os invasores portadores de antigénicos. O que se passa na realidade é que eles (os anticorpos) "marcam" as moléculas das células estranhas, que posteriormente são destruídas por uma série de processos, ou então, podem fixar-se sobre estas células, não com o intuito de as destruir mas sim para limitar a sua multiplicação e a sua poliferação.
Assim da interação antigénico-anticorpo podemos destacar algumas das diferentes consequências em termos imunitários, das quais:
-
Aglutinação: é uma reação específica, de tal forma que cada anticorpo reage apenas com o seu correspondente antigénio, através desta ação é possível identificar corretamente bactérias desconhecidas, fazendo com que os agentes portadores de antigénicos fiquem neutralizados e se tornem inofensivos.
-
Precipitação: caso o antigénio possa ser uma molécula solúvel, como por exemplo, uma toxina bacteriana, como resultado pode ocorrer a formação de complexos imunes insolúveis que precipitam.
-
Intensificação directa da fagocitose: o complexo anticorpo/antigénio aumenta a actividade de células fagocíticas, desta forma vai facilitando a invaginação e a endocitose;
-
Neutralização directa de vírus e toxinas bacterianas: existem certas moléculas que em solução podem funcionar como antigénios, a formação do complexo antigénio/anticorpo neutraliza-os, (os antigénicos), designando-se o anticorpo antitoxina;
-
Activação do sistema complemento – com ligação do complexo antigénio/anticorpo à membrana de uma bactéria, é possível a ligação de proteínas do sistema complemento à parte constante do anticorpo passa a ser possível, assim desencadeiam-se reacções que culminarão com a formação de poros na membrana e lise celular.
Figura 3: anticorpos
http://www.mundoeducacao.com.br/biologia/anticorpos.htm
Este vídeo resume em 52 segundos o que ocorre no interior do nosso organismo quando a Imunidade Humoral passa a ser necessária, passando assim a ser a nossa conclusão.
http://www.youtube.com/watch?v=kZrAm3Ho6Lc
Imunidade Mediada por células
A imunidade mediada por células é um processo que resulta da intervenção dos linfócitos T que possuem recetores membranares específicos, designados por recetores T. Contudo, estes linfócitos só reconhecem antigénicos que estão presentes na superfície das células do nosso organismo ligados a moléculas identificadoras do indivíduo, como parasitas multicelulares. ex: fungos, células cancerosas, tecidos acrescentados e órgãos transplantados. Para além desta ser a base de reconhecimento dos nossos próprios antigénicos é também a partir desta base que há o reconhecimento de antigénicos que nos são estranhos quando apresentados por células apresentadoras a células especializadas.
Fig 4: Apresentação do antigénio
http://bioesc.files.wordpress.com/2009/11/antigc3a9nio-macrc3b3fago.jpg
Existem vários linfócitos T com funções específicas, sendo os mais importantes:
- Linfócitos T auxiliares - produzem substâncias químicas que coordenam diferentes intervenientes de defesa específica;
- Linfócitos T citotóxicos - destruem as células-alvo após o reconhecimento dos antigénicos existentes na sua membrana e que levaram à ativação desses linfócitos;
- Certos linfócitos T supressores - moderam ou suprimem a resposta imunitária quando a infeção está debelada.
A imunidade mediada por células começa pela a ativação de um número reduzido de células T específicas. Uma vez que as células T são activadas proliferam e diferenciam-se em um clone de células efectoras, uma população de células idênticas que são capazes de reconhecer o mesmo antigénio e reproduzir certos aspetos do ataque imunológico. Como resultado final da resposta imune, o invasor é removido.
Num determinado momento, as células T encontram-se num estado inativo. Os receptores de antigénios que se encontram na superfície das células T, chamados receptores de células T (RCT), reconhecem e ligam-se especificamente a fragmentos antigénicos estranhos que são apresentados na forma de complexos MHC-antigénios. Existem milhões de diferentes células T, cada um com um único RCT que reconhece um MHC antigénio específico.
Quando um antigénio entra no corpo, apenas um número reduzido de células T expressam os RTC que são capazes de reconhecer e ligar-se ao antigénio. O reconhecimento do antigénio envolve também outras proteínas de superfície presentes nas células T, sendo essas proteínas a CD4 ou CD8. Estas proteínas interagem com os antigénios do MHC e ajudam a manter a ligação entre o TCR-MHC. Por esta razão, é que estes se chamam de co-receptores. O reconhecimento do antigénio pelo TCR com a proteina CD4 ou CD8 é o primeiro sinal de activação da célula T.
Cooperação entre Imunidade Mediada e Imunidade Humoral
Quer os mecanismos de defesa Humoral quer os mecanismos de defesa mediada por células não são independentes um do outro e interagem de várias maneiras.
Os linfócitos B e os linfócitos T influenciam-se um ao outro de várias formas. Por um lado, os anticorpos que são produzidos pelas células B podem facilitar ou diminuir a capacidade das células T atuarem, ou seja, de atacarem e destruírem as células invasoras. Pode também ocorrer que as células T auxiliares intensifiquem a produção de anticorpos pelas células B e que os linfócitos T supressores suprimam essa produção.
Os linfócitos T nunca produzem anticorpos, no entanto, controlam a capacidade dessa produção (de anticorpos) por parte das células B.
Fig 5: Cooperação entre Imunidade Humoral e Adquirida
http://3.bp.blogspot.com/_syPmkwMWie4/S-HgOwsAU-I/AAAAAAAAAD4/qlYPNIcEt8o/s1600/IMG_0003.jpg
Bibliografia:
http://www.slideshare.net/ilopes1969/imunidade-adquirida-humoral
http://www.unirio.br/dmp/Graduacao/Medicina/Imunologia/Estrutura%20e%20fun%C3%A7%C3%A3o%20dos%20anticorpos.pdf
http://www.infopedia.pt/$aglutinacao-(biologia)
http://simbiotica.org/imunidade.htm
http://www.infoescola.com/sistema-imunologico/anticorpos/
http://pt.scribd.com/doc/1026044/Imunidade-e-Controlo-de-doencas-
http://www.buenastareas.com/ensayos/Inmunidad-Mediada-Por-Celulas/2274974.html
Manual de Biologia 12º ano
Voltar a Imunologia - grupo 2
Comments (2)
Margarida Garcez said
at 11:38 pm on Mar 3, 2013
meninas eu coloquei o subtema "classes das imunoglobulinas" que acham ?
tive a ideia de fazer em tabela em que punha um esquema de cada uma e as funções e características , q dizem ?
Lúcia Cruz said
at 11:00 pm on Mar 4, 2013
Sim, acho bem :)
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